segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Resultados da ultima jornada

Divisão de Honra 10ª Jornada

Tarouquense - Moimenta da Beira 2-2
Campia - Mortágua 1-0
Lamelas - Lamego 3-0
Canas Senhorim - Paivense 1-1
Carvalhais - Parada 2-0
Molelos - Sampedrense 0-1
Sátão - O. Frades 2-0
Santacombadense - Lusitano 2-0

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Jogos Fim de Semana

Séniores
3ª Jornada 18-10-2009 pelas 15H00
CDR - Paivense

Juniores "A"
2ªJornada 17-10-2009 pelas 15H00
Castro - CDR

Juniores "C"
2ªJornada 18-10-2009 pelas 10H30
CDR - Drizes

Infantis
2ªJornada 17-10-2009 pelas 10H30
CDR - Castro

terça-feira, 13 de outubro de 2009

2 ª Jornada
CDR 1 - Parada 1
Paivense 0 - Sampedrense 1
Lamego 0 - O. Frades 2
Mortágua 0 - Lusitano 1
Carvalhais 1 - Santacombadense 0
Campia 1 - Sátão 2
Lamelas 4 - Molelos 1
Canas Senhorim 1 - Tarouquense 1

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Jogos Fim de Semana

Divisão de Honra
2ª Jornada

CDR - Parada
Paivense - Sampedrense
Lamego - O. Frades
Mortágua - Lusitano
Carvalhais - Santacombadense
Campia - Sátão
Lamelas - Molelos
Canas Senhorim - Tarouquense

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Resultados da Jornada

Divisão de Honra - Séniores
1ª Jornada

Sampedrense 2 - CDR 1

Oliv. Frades 2 - Paivense 0

Vildemoinhos 2 - Lamego 2

Santacombadense 3 - Mortágua 0

Sátão 1 - Carvalhais 1
Molelos 4 - Campia 3
Tarouquense 0 - Lamelas 2

Parada 1 - Canas Senhorim 1

Juniores – Série Norte

1ª Jornada

CDR 1 – Arguedeira 1

Iniciados

1ª Jornada

Paivense 0 – CDR 3 (desistência do Paivense)

Por este espaço se encontrar bastante limitado em termos de colaboradores é-nos manifestamente impossível apresentar comentários de todos os jogos em que a equipa dos seniores do CDR se vai apresentar ao longo da presente época.

Dada a proximidade de vizinhos concelhos tentaremos ser úteis na apreciação de directos adversários. Com esta análise pretendemos contribuir de alguma forma para a abordagem ao jogo adversário em aspectos que julgamos ser pertinentes. Ressalvo que esta análise vale o que vale não pretendendo imiscuir-me no trabalho de quem quer que seja. Certezas no futebol não existem pelo que este trabalho será sempre mais sólido e quantas mais análises forem feitas.

Sátão

A equipa apresenta uma defesa com quatro homens sendo que 3 deles são defesas centrais. Lateral direito Xico não tem rotina do lugar e o lateral esquerdo Gil raramente o faz. Central Tó carece de velocidade. Fortes jogo aéreo. Não é regra sair a jogar.

Meio campo constituído por um triângulo invertido onde se destaca Deodato (cérebro), não pode tocar na bola. À frente Trinta e Geyson. Extremos quando baixam são estes que assumem as suas costas. No plano defensivo os extremos Rodrigo e Paulinho não participam.

No ataque os extremos por vezes trocam. Cruzamentos largos, tensos onde Parma quase sempre ocupa a posição contrária de onde vem a bola colocando-se na zona cinzenta entre o lateral e o central mais próximo.

Nos cantos a favor baixam dois ou três jogadores consoante a posição dos adversários. Dois homens ficam à entrada da área para uma segunda bola. Parma pode servir de isco dado que foi notório que o central Hélio vindo do meio da área se desloca sempre ao segundo poste cabeceando sempre com perigo. Não descurar o Central Tó e o agora adaptado lateral Xico.

Nos cantos contra ficam um ou dois homens consoantes as situações de jogo. Marcam homem a homem.

Carvalhais

Uma equipa que obriga a mais análises. Jogaram num 4*4*2 deliberado. A defesa é forte fisicamente. Quando têm a oportunidade saem a jogar. Guarda-redes Márcio bom jogo de pés e gosta de por a rolar a bola para pontapear. O “trinco” cola-se muito aos centrais, raramente dobra os laterais porque estes não sobem. O médio pensador Luís Almeida é forte no jogo aéreo. A este juntam-se os dois médios interiores fazendo um jogo muito próximo. Dois atacantes bem distantes um do outro procurando diagonais.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Jogos Fim de Semana

Divisão de Honra
1ª Jornada

Sampedrense - CDR
Oliv. Frades - Paivense
Vildemoinhos - Lamego
Santacombadense - Mortágua
Sátão - Carvalhais
Molelos - Campia
Tarouquense - Lamelas(dia 5)
Parada - Canas Senhorim

Juniores - Série Norte
1ª Jornada
CDR - Arguedeira

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Jogo de Apresentação: CDR 2 - Fontelas 0

Num jogo de apresentação aos sócios o CDR apresentou uma equipa bastante renovada face à época transacta. As expectativas estão elevadas no Matão, face ao ano anterior, pelo excelente 3º Lugar alcançado na Divisão de Honra da AFViseu bem como pela aparição de novos jogadores.
O CDR alinhou com Cabreca, Tiago, Félix, Luís e Tozé,Coutinho, André, Pingato, Oceano e Manu,Domingos. Jogaram ainda Nuno, Luís (ex Júnior), Liedson, Ricardo, Sérgio e Nando.
Dado não estar credenciado como treinador cinjo-me a uma modesta opinião sobretudo naquilo em que acredito ser a essência do Futebol: jogar bem para ter mais probabilidades de sucesso, ou seja, ganhar. Ressalvo que doravante o que for escrito não terá qualquer depreciação para quem quer que seja tendo este espaço como principal orientação: os êxitos do clube. Não é apanágio decifrar individualidades pelo que aponto 3 (três) ideias chaves que resumo: uma defesa experiente cujos os defesas centrais traçam uma paralela em relação à linha grande área com marcação à zona (muito difícil ver uma equipa na distrital e mesmo em equipas na nacional a defender assim) e laterais muito subidos; um meio campo com bastante qualidade técnica mas pecou, peca e talvez pecará em algo!!! (o homem que joga à frente da defesa deve ser sempre o primeiro a pensar ofensivamente o jogo); o ataque que face ao sistema utilizado (4-5-1), por não achar correcto a terminologia do 4-3-3, deve ser mais apoiado para que possamos ter mas gente na área de finalização.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Entrevista ao Sr Presidente do CDR Ilidio Manuel

No reatar de mais uma época desportiva o CDR iniciou os trabalhos de preparação num ano que Ilidio Manuel, natural da Freguesia de Cabaços, abarcou mais uma enorme responsabilidade na sua vida: a Presidência do Clube Desporto e Recreio.

O Plantel para época 2009-2010

Guarda Redes - Cabreca (ex Régua), Fávio (ex Júnior).

Defesas - Pingato, Luis (ex Júnior), Luis (ex Fornos de Algodres), Félix (ex Tarouca), Tiago (ex Tarouca), Sérgio, Nuno e Tozé (ex Fontelas).

Médios - Coutinho (ex Pesqueira), Nando (ex Júnior), Oceano. Monteiro (ex Pesqueira), Ricardo (ex Alvite), André (ex Júnior) e Mánu.


Avançados - Liedson (ex Riodades) e Domingos (ex Cinfães)


Jogos de preparação já realizados:

Lamego 3 - CDR 1

Fontelas 0 - CDR 3

A dedicação da tua parte ao CDR vêm desde há muitos anos a esta parte. Sendo tu, natural de Cabaços, o porquê à Vila de Moimenta?
Gosto imenso de futebol. Como disseste ando nisto à quase 20 anos (atleta e dirigente). Joguei contigo, ainda levaste algumas!! Só o gosto pelo futebol, o amor ao clube é que me trouxe até aqui. Não existe uma explicação, vem de cá de dentro. O teu pai é um exemplo daquilo que falo e sinto.

Quais são as principais dificuldades que encontras para dirigir o clube?
Em primeiro lugar o tempo dado tratar-se de conciliar a familia, o trabalho e o clube. Mas mais a familia. é muito complicado gerir esta situação da familia. Em segundo lugar somos muito poucos a fazer parte da parte da direcção. No ano passado tinhamos 6 (seis) equipas a jogar quase todos os fins de semana. Imagina o trabalho que implica e com tão pouca gente a colaborar. Em terceiro lugar e, é de conhecimento geral, que apesar do orçamento de cada época temos que fazer uma enorme ginástica para cumprir com as nossas obrigações.

Mas o ano passado faltou o que para que o orçamento fosse largamente ultrapassado? Qual era o valor do mesmo?
Tivemos enormes responsabilidades. Não vamos fugir a elas. Quero deixar uma palavra de apreço ao Celso (antigo Presidente) pelo enorme trabalho que desenvolveu por uma terra que nem é a sua. Os compromissos assumidos pela anterior direcção estão a ser saldados por ele. Falhamos no número de equipas inscritas. Os objectivos na equipa sénior foram demasiado altos. Mas quem quer ter futebol competitivo, de qualidade que nós tivemos na época passada é obrigado a pagar um preço.
O orçamento rondava os 60 000,00 euros tendo a origem que tem.

Um valor elevado?
Ainda bem que fazes a pergunta.Se dividirmos esse valor pelo número de meses em competição (9 meses) ronda mais ou menos os 6600,00 euros por mês. Para seis equipas é manifestamente pouco. Temos que fazer o nosso trabalho. Mas ninguém pergunta o retorno que o futebol consegue para Moimenta ao nivel da restauração, do comércio, do dia a dia, o efeito que provoca nas suas gentes.Os ultimos dois anos passados com as equipas jovens é um exemplo que com o futebol existem sectores a ganhar dinheiro. Somos muito pouco apoiados. Claro que isto não é regra.

Quando falas em falta de apoio referes-te concretamente a que? Partilhas a opinião que os pais dos jovens atletas deveriam contribuir de alguma forma?
O CDR foi um clube fundado em 1945. Tem quase 70 anos de história. Deveria ser mais respeitado. A nivel associativo na terra não existem comparações.
Se os pais de alguma forma contribuirem (tornarem-se sócios, no fim dos treinos deslocarem-se ao Matão para apanharem os seus filhos) estão a facilitar a vida aos poucos directores que existem e que não são renumerados, antes pelo contrário dão o corpo ao manifesto e tiram algum do seu bolso.

O dirigismo deveria ser renumerado?
Pessoalmente entendo que não.Bastava que cada moimentense tivesse o prazer de trabalhar em prol da terra.Era mais facil para todos e ganhava só um, o CDR.

Qual é a tua opinião de um projecto-desportivo para todo o Concelho? Não vai avante porquê?
Completamente a favor. Se calhar as pessoas ainda não se sentaram para falar mas seria muito dificil concretizar. Deveria existir um entendimento ao nivel das Freguesias. Poupavamos recursos logisticos e financeiros. Era o Concelho que ficava a ganhar. Falo ao nivel do desporto deixando de lado as iniciativas recreativas e culturais. Não faz sentido este "cada um por si". Não vai para a frente porque é do tipo: existe uma Quinta e " cada um quer ter o seu quintal para cultivar". O interesse individual é superior ao voluntariado, à terra e ao Concelho.

Pensas que a formação em termos desportivos é eficaz, ou seja, com a formação atinge-se os objectivos traçados?
Apesar do CDR ser um clube com tradição na formação tendo dado muitos e bons frutos a formação vai no mesmo sentido dos objectivos pretendidos. Queres uma equipa competitiva a formação por si só não responde a isso. Não existe nenhum clube no mundo que queira ser competitivo e viva só da formação.

Quais os objectivos para a presente época?
Existe uma coisa que quando falta é quase descer divisão: as coisas organizadas com tempo. Nisso não falhamos e pudemos descer porque no futebol tudo é possivel. Será uma época tranquila sem elevar a fasquia mas que não andemos com a corda na garganta. Penso que temos plantel para isso.

O clube terá todos os escalões?
No ano passado tivemos um número elevado de equipas. Este ano estamos a pensar reduzir isto porque na situação dos Juvenis não existirem atletas em número suficiente.

Queres deixar um repto aos adeptos?
Um apelo: ajudem, apoiem o CDR porque ele contribui para levar mais longe o nome da nossa terra.










quinta-feira, 18 de junho de 2009

Nova Época

Tem chegado alguns mail's questionando sobre se existem novidades sobre a nova época. Até agora não tenho tido noticias sobre este assunto e portanto não faz sentido entrar em especulações, de uma coisa tenho certeza, o CDR há-de continuar porque o faz ha sessenta e muitos anos e ja passou por muitas dificuldades.
Outro assunto que tem chegado com frequencia por mail tem a ver com alguns pagamentos. Espero que tudo se resolva a bem, que se pague a toda a gente para que o CDR continue a ser um Clube respeitado. Sei que a crise afecta todos e muita coisa tem que ser repensada, não só a nivel de clubes mas tambem de jogadores.
Os clubes hao-de perceber que para continuarem a sobreviver têm que estar organizados financeiramente e ai os jogadores que quiserem receber pelos seus serviços têm que estar colectados nas finanças e assim tudo será transparente, enquanto assim nao for, nada funcionará, as pessoas desconfiam, os apoios nao surgem ... enfim isto é mal que é extensivel a todos os clubes, das regionais aos nacionais!
Prometo que logo que tenha alguma noticia sobre qualquer um destes temas o colocarei!

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Guardiola disse sobre Iniesta

Não usa brincos, não tem tatuagens, tem o cabelo curto, não embirra por jogar apenas vinte minutos e, no entanto, é o melhor de todos.
Guardiola

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Juniores A (Juniores) 2ª Divisão Nacional - 7ª Jornada

Arrifanense 1 - Moimenta da Beira 1
Sanjoanense 1 - Gouveia 0
Estação 0 - União de Coimbra 2
Tourizense 1 - União de Lamas 3

Folgou: Sporting de Espinho

Classificação após 7ª Jornada - Fase de Permanência/Descida 2ª Fase:

Taça Sócios de Mérito: Meias-Finais

Mangualde 2-1 O. Frades
M. Beira 1-0 Campia

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Pivô e ponto final

Embora não seja obcecado por preciosismos terminológicos, penso que o uso acertado dos termos tendo em conta aquilo que estes se propõem representar é de grande importância e, no caso do pivô, poderia evitar alguns dos muitos mal entendidos que se verificam em torno de tal função. De facto, não raras vezes, verifica-se um recurso indiferenciado e desajustado dos termos “pivô defensivo”, “pivô ofensivo”, “trinco” e “pivô”.

Ora, por definição, um pivô é “um eixo vertical fixo à volta do qual gira uma peça móvel”. Se olharmos para aquela que é, de momento, a equipa que denota maior qualidade de jogo a nível internacional, o Barcelona, verificamos, tal como é salientado no texto “Um divorcio anunciado”, que se trata da “equipa que melhor espelha esta forma peculiar de atacar subjacente à presença em campo de um pivô”. Guardiola, parecendo evidenciar no banco a mesma lucidez que mostrava em campo, mostra-nos que o desempenho bem sucedido da função de pivô é determinante para a dinâmica colectiva da equipa. E, para mim, somente em equipas onde o pivô é a grande referência faz sentido, de facto, tal designação, visto que é à sua volta que gira uma peça móvel: um determinado jogar.

Embora na definição de pivô este seja sugerido como algo fixo, importa perceber que, no Futebol, esta ideia de fixo não deve ser entendida como um fixo estático. Confuso? Talvez um pouco. Mas passo a explicar. Este “fixo” (para mim o mais posicional de todos os jogadores) tem de ser relativizado, devendo ser entendido como uma referência permanente do jogar da equipa, o tal “farol”. Isto é, tal como um farol, o pivô deve ser uma referência de segurança, alguém que ilumina o jogar da equipa e que, apesar de uma acção e funcionalidade aparentemente intermitente (porque não tem sempre a bola), a sua luz nunca se apaga, está sempre presente, surgindo para dar luz aos companheiros. Caso essa luz não fosse intermitente, estaríamos a deturpar aquela que é, para mim, a essência do Jogo. Isto é, se essa luz brilhasse sempre, seria a expressão de um jogar em que a equipa se subjuga ao jogador e não a expressão de uma equipa onde o pivô, pelo seu potencial, confere equilíbrio, clarividência e qualidade à organização colectiva.

Importa ainda esclarecer que, como tão bem afirma Vítor Frade, o pivô deve ser um “farol” e não um “pirilampo”. Poderá pensar-se que me estou a contradizer, porque afinal um farol, tal como um pirilampo, também emite uma luz intermitente. No entanto, o tipo de intermitência de um é diferente da do outro. Isto é, enquanto que a intermitência do “farol” é regular e, por isso, benéfica para a equipa, a luz intermitente do “pirilampo” é esporádica e irregular, intermitente de um modo indefinido, não podendo, por isso, ser uma referência para a equipa. Mesmo que, por vezes, essa luz possa até ser mais intensa que a de um “farol”. Mas isso não passa de um fogo de vista que nos acaba por iludir. Se eu estiver no mar perdido e vir um farol sei que, quanto mais perto me encontrar deste, mais próximo estou de terra. Contudo, se estiver perdido numa pradaria e vir a luz de um pirilampo e a seguir, irei para onde este quiser. Esta é a grade diferença entre os “faróis” ou “rosas-dos-ventos” e os “pirilampos” ou “cata-ventos” do Futebol! Enquanto os primeiros centram a sua acção num referencial colectivo de jogo, a Cultura de jogo da equipa, os “pirilampos” centram o jogo nas suas acções ou, no caso dos “cata-ventos”, a sua acção no jogo do adversário, acabando ambos por levar a equipa atrás de si, podendo daí, de uma forma linear, advir algumas vantagens, mas também, seguramente, muita instabilidade.

Ainda relativamente à designação de “pivô defensivo” e “pivô ofensivo”, quero realçar que a acção do pivô se centra no jogo, não em atacar, defender ou transitar. O Jogo é “Inteireza Inquebrantável”, logo não faz qualquer sentido este tipo de designações. Pivô é pivô do jogo, do jogo todo e, como tal, as suas funções não se esgotam em defender, atacar ou transitar. Em suma, pivô e ponto final.

Tal como o Nuno Amieiro, também eu me lamento que existam poucas, muito poucas, equipas a jogar neste “comprimento de onda” e poucos, muito poucos, pivôs no futebol de hoje. A prova de que quantidade não é qualidade e de que aquilo que é norma nem sempre interessa. Junto-me a tal murmúrio e acrescento que além deste crime se observam outros no Futebol actual. Por exemplo, ver que jogadores de enorme qualidade e mestres a actuar numa posição e função de tanta especificidade, como a de pivô, são por vezes colocados em posições e funções diferentes. Veja-se o caso de Pirlo. Que desperdício vê-lo jogar regularmente em diferentes posições.

Jorge Maciel

quarta-feira, 20 de maio de 2009

A lição teórica de Guardiola

O futebol do Barcelona 2008/2009 não deixou ninguém indiferente. Enquanto uns ficaram absolutamente rendidos, outros reagiram de forma mais reservada, considerando que numa competição mais exigente do ponto de vista atlético, como é a Liga Inglesa, por exemplo, esta filosofia teria pouco sucesso. Sem nunca se ousar colocar em questão a qualidade de jogo da equipa catalã, surgiu a velha dicotomia beleza/utilidade e muitos foram os que fizeram a defesa da tese de um Barcelona demasiado “macio”, menos pragmático do que o desejado e servido por um conjunto de jogadores que carecia de músculo. Dizia-se que, em encontros contra equipas atleticamente superiores e assaz competentes do ponto de vista táctico, este Barcelona não se conseguiria impor e que, apesar de praticar o mais belo futebol da Europa, esta não era a forma mais eficaz de se ter êxito.
Em primeiro lugar, há que dizer que num jogo de futebol, como em qualquer outro jogo, o belo é sinónimo de bom. Isto porque em qualquer coisa com um objectivo tão claro, como é o caso do futebol, é impossível aceitar que algo que não possa produzir consequências práticas possa ser belo. Depois, o erro crasso é acreditar que falta músculo a este Barcelona. É evidente que, em termos atléticos, esta equipa não é tão capaz como as grandes equipas europeias, mas o erro está em presumir que uma equipa de sucesso, no futebol actual, necessita impreterivelmente dos melhores atletas, no sentido em que estou a utilizar o termo. A musculatura desta equipa existe, ao contrário do que se pensa, embora seja de outra ordem.
É verdade que este Barcelona é tudo isto com que o caracterizam. Mas nenhuma dessas características tem necessariamente de ser um defeito. E esta é a grande lição de Guardiola. Numa altura em que, muitos pensam, se parece caminhar para um desporto cada vez mais musculado, no qual a força física e as capacidades atléticas são decisivas, este Barcelona vem deitar por terra essa ideia. O bom futebol, o melhor futebol, é aquele que é jogado com a cabeça, aquele que dá preferência aos atributos intelectuais. O futebol de hoje é um jogo de pouco espaço. Para muitos, tendo em conta essa evidência, os jogadores mais aptos serão, portanto, os mais rápidos, os tecnicamente mais evoluídos e os mais fortes. Se há coisa que este Barcelona vem provar é que isso, em rigor, não tem de ser assim. Os mais aptos são os mais inteligentes, os que decidem mais rapidamente, os que conseguem "fabricar espaços", os que possuem maiores índices de criatividade, etc.
É inegável que esta equipa joga um bom futebol, mas a sua grandeza não se esgota aí. Mais do que uma excelente ilustração de bom futebol, trata-se de uma verdadeira lição teórica sobre o jogo. Por trás desta equipa está um conceito que vem quebrar não só com muitos dos paradigmas actuais como também vem contradizer ideias e conceitos que, ao longo do tempo, foram elevados ao estatuto de dogma. Enquanto grande parte dos treinadores diz aos seus laterais para nunca jogar no meio, pois é mais arriscado do que jogar em profundidade na linha, este Barcelona postula o contrário. Os laterais devem jogar no meio, porque é no meio que a possibilidade de criação de apoios é maior e porque é regressando ao meio que as possibilidades de escapar ao “pressing” do adversário aumentam. Enquanto grande parte dos treinadores diz aos seus jogadores para não saírem a jogar caso o adversário pressione muito alto, pois é perigoso, este Barcelona não o admite, seja em que situação for. Um excelente exemplo desta “teimosia” foi a final da Taça do Rei. O Athletic de Bilbao optou, sobretudo depois de se encontrar a perder, por pressionar altíssimo, aquando dos pontapés de baliza do Barcelona. A ideia era fazer com que os defesas catalães não tivessem espaço para receber a bola e obrigá-los a jogar a contragosto, com saídas com pontapés longos. O Barcelona não fez caso disto e, ainda que a grande maioria dos treinadores desaconselhasse a sua equipa a sair a jogar nessas condições, saiu sempre a jogar. Com o auxílio dos laterais e do médio-defensivo, que baixou para servir de apoio, a equipa trocava assim a bola dentro da própria grande área, utilizando toda a largura do campo para criar linhas de passe, até que esta chegasse a uma das linhas. Nessa altura, um médio ou o extremo baixava para servir de apoio vertical e, recebendo a bola do lateral, entregava-a de imediato no médio-defensivo, ficando concluída a saída de bola. Alternadamente, dependendo da forma como o adversário pressionava, saíam também pelo meio, depois de conseguirem puxar os adversários para uma faixa e fazendo regressar a bola rapidamente aos centrais. O que é certo é que nunca desvirtuaram a sua maneira de jogar, mesmo correndo riscos tão elevados. Enquanto grande parte dos treinadores diz que não quer "rodriguinhos", que a equipa tem de ser objectiva, que um passe para trás só se faz em caso de aperto e que uma ideia de progressão deve estar sempre presente quando uma equipa troca a bola, este Barcelona vem dizer que isto não é bem assim e que nem sempre é para a frente que se joga, que a objectividade, quando excessiva, se transforma em previsibilidade. Este Barcelona, como joga, torna-se difícil de parar porque nunca se sabe por onde vai entrar, porque o seu futebol não se limita a fazer o mais simples, o mais objectivo, sendo, pelo contrário, complexo e imaginativo. Enquanto grande parte dos treinadores diz aos seus jogadores que qualquer nesga para chutar à baliza deve ser aproveitada, este Barcelona refuta essa velha máxima e Guardiola já disse mesmo que prefere que os seus jogadores, mesmo dentro da grande área, troquem a bola em vez de chutar à baliza. A ideia é concluir o lance apenas quando as possibilidades de êxito são consideravelmente boas.
Por tudo isto, este Barcelona, mais do que uma equipa que pratica um futebol agradável, mais do que uma rara excepção de sucesso com armas diferentes, mais do que um exemplo de bom futebol, fundamenta-se na destruição de predicados ancestrais. Representa uma autêntica reformulação teórica do jogo. E é algo que, perdurando, pode contribuir para modificar a mentalidade que, nos dias que correm, domina o jogo.

Nuno Amado

segunda-feira, 18 de maio de 2009

30ª e Última Jornada - Resutados

Divisão de Honra:
30ª e Última Jornada
Canas Senhorim 1-2 Lamelas
Molelos 0-0 Campia
Moimenta da Beira 7-1 Sp. Lamego
Paivense 2-1 Sampedrense
Santar 5-1 Pesqueira
Parada 0-1 Santacombadense
O. Frades 0-1 Mangualde
Resende 1-1 Tarouquense

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Mister, como é que se combate o «PRESSING»?!!


Esta simples pergunta, que pode ser feita a qualquer altura por um qualquer jogador, é capaz provocar em nós diferentes opiniões. Mas, atenção!!! Antes de se procurar uma resposta, importa não esquecer que, a todo e qualquer momento, poderemos estar a dar tiros nos pés! Porquê? É isso que eu vou procurar esclarecer.
No futebol actual, existem determinados princípios de jogo que são considerados fundamentais para que uma qualquer equipa seja considerada de TOP. Atrevo-me até a ir mais longe! Actualmente, as equipas que não manifestem com regularidade determinados princípios, não podem ser consideradas EQUIPAS DE TOP! O «Pressing» é um deles!!! Senão, reparem! Façam uma pequena viagem por algumas das grandes equipas, do passado e do presente: Ajax de Rinus Michels, Cruyff ou Van Gall, Milão de Sacchi, Barcelona de Cruyff, Real Madrid da «Quinta del Bultre», Porto e Chelsea de Mourinho, Manchester United de Fergusson, ou qualquer uma das equipas que esteve nas meias finais da Liga dos Campeões deste ano, Chelsea, Barcelona, Arsenal e Manchester. Pensem agora no que estas equipas apresentaram ou apresentam como padrão de jogo e logo o «Pressing» aparece como um fio condutor que as une, do passado ao presente!
Mas será que isto pode ser visto de uma forma tão partida, tão analítica, tão redutora? Parece-me que não. É verdade que as grandes equipas são pressionantes (embora não o sejam sempre… nem sempre da mesma maneira!) e são agressivas (no bom sentido do termo e não apenas defensivamente!). Não são passivas, mas antes activas, pois não esperam pelo erro do adversário, procurando antes provocá-lo. Contudo, parece-me claro que para estas equipas, o «Pressing» é apenas metade do caminho. Porquê? Porque depois de «destruir» (o jogo do adversário) vem a parte mais difícil: «construir», «criar»!!!... E como elas (as EQUIPAS DE TOP) «construiram» no passado e «criam» no presente!!!... De facto, para todas estas equipas, o «Pressing» é visto apenas como um meio para atingir um fim – a POSSE DE BOLA – e não como um fim em si mesmo. Mais acrescento, é aqui, nesta capacidade de coordenar/articular estes dois momentos diversos, mas interligados, de jogo – recuperação da posse de bola e sua manutenção – que muitas equipas apresentam grandes dificuldades. E é precisamente esta articulação que distingue uma EQUIPA DE TOP da «normalidade». Mais, da vulgaridade!
No entanto, para uma vertente «iluminada» de treinadores, a única forma de se combater o «Pressing» é… com mais pressão!!! Então, pedem sistematicamente «garra», «suor», «esforço», «correria», «agressividade» (no mau sentido do termo) aos seus jogadores. E os jogos transformam-se em autênticas batalhas campais, onde o respeito pelo adversário e pela essência do jogo deixa de fazer sentido. Aparecem os jogos com excesso de faltas, as agressões e lesões aos «magotes», as bolas pelo ar, o futebol aos repelões, onde o músculo procura abafar o talento e onde as equipas se sentem mais à vontade sem bola do que com ela!
Para estes «carrascos» do BOM FUTEBOL, queria apenas deixar uma reflexão final. Quando compramos um bilhete para ir a um estádio ver um jogo de futebol, é como se pagássemos um bilhete para ir ao cinema! Temos direito ao filme completo… do princípio ao fim! Recusamo-nos a ver apenas uma parte do «filme», reproduzida e repetida vezes sem conta!
E já estou a imaginar a entrega dos «Óscares» 2008/2009:
“ÓSCAR PARA MELHOR FILME: BARCELONA
ÓSCAR PARA MELHOR REALIZADOR: PEP GUARDIOLA
ÓSCAR PARA MELHOR ARGUMENTO: MODELO DE JOGO DO BARCELONA
ETC…
ETC…”
E isto sim, dignifica o Futebol, dignifica os Treinadores, dignifica os Jogadores … e também bate recordes de bilheteira!
Por favor, levantem-se!!! APLAUSOS para o BOM FUTEBOL.

Ricardo Barreto

30ª e Última Jornada

Divisão de Honra:
Canas Senhorim - Lamelas
Molelos - Campia
Moimenta da Beira - Lamego
Paivense - Sampedrense
Santar - Pesqueira
Parada - Santacombadense
O. Frades - Mangualde
Resende - Tarouquense

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Jorge Jesus disse

É a táctica que vai dar a dinâmica ao sistema de jogo, defensivo e ofensivo. Ou seja, é através da táctica que vamos entrar no modelo de jogo criado pela equipa técnica, é através dela que vai surgir a movimentação pretendida dos jogadores.
Jorge Jesus (1998)

29ª Jornada - Resultados

Lamelas - Resende 0-0
Campia - Canas Senhorim 0-0
Lamego - Molelos 1-2
Sampedrense - Moimenta da Beira 2-0
Pesqueira - Paivense 3-2
Santacombadense - Santar 3-4
Mangualde - Parada 0-0
Tarouquense - O. Frades 4-4

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Divisão de Honra : 29ª Jornada

Lamelas - Resende
Campia - Canas Senhorim
Lamego - Molelos
Sampedrense - Moimenta da Beira
Pesqueira - Paivense
Santacombadense - Santar
Mangualde - Parada
Tarouquense - O. Frades

terça-feira, 5 de maio de 2009

Pivô: farol ou rosa-dos-ventos

Uma das grandes riquezas do Futebol é a sua pluralidade, pois o Jogo contempla diferentes jogares e esse é um aspecto muito pertinente. É que daí surge a necessidade de cada um balizar conceptualmente aquilo que entende por jogar bem e definir de forma coerente o que pode fazer emergir tal complexidade singular: o jogar de cada um. Se assim não fosse, não faria sentido este tipo de discussões e troca de ideias, o futebol seria igual para todos e a unanimidade, com todos os seus perigos, reinaria. Paradoxalmente, mas sem qualquer contradição, há, contudo, no Futebol de qualidade alguns padrões, numa escala mais alargada, Macro (dos quais potencialmente podem emergir inúmeras subdinâmicas singulares num nível mais restrito, Micro), que podem ser identificados e que, como tal, deverão ser extensíveis à generalidade dos jogares que aspiram a tal categoria de qualidade.

Tal como refere o Nuno Amieiro, também entendo que “a posição 6 é crítica para se jogar bom futebol”. De facto, a função do pivô, quando este funciona como tal e não apenas porque ocupa aquela zona do campo, permite-lhe ser o “farol” que orienta a equipa sendo, desse modo, determinante para a funcionalidade colectiva em equipas que aspiram a um Futebol de qualidade e que assenta, como é referido mais uma vez pelo Nuno Amieiro, “num jogar mais apoiado e circulado, assente no bom jogo posicional de todos os jogadores … Um jogar onde o que corre é, fundamentalmente, a bola… para que a profundidade seja ganha com naturalidade e qualidade”.

Nas estruturas que contemplam a existência da posição, e pelo seu posicionamento em campo, o pivô estabelece relações directas com a generalidade dos jogadores da equipa. Para além disso, em determinadas estruturas, trata-se de uma posição onde a essência do Futebol, a Interacção, está potenciada, ainda que a nível formal e abstracto. Considero, assim, que a opção por este jogador como principal referência para a dinâmica ofensiva colectiva, quer em transição defesa-ataque como em organização ofensiva, pode consubstanciar um jogar de qualidade. Mas importa aprofundar as razões de tal convicção...

Desde logo, admiro as equipas que se sentem confortáveis a jogar na zona central, ainda que não hipotequem e façam questão de explorar a possibilidade da bola percorrer todo o campo, em largura e profundidade (negativa ou positiva), para se sentirem mais à vontade no meio quando a bola lá retorna. Ora, para a equipa o fazer, a qualidade do seu jogo posicional é determinante. E, neste ponto, o jogo posicional do pivô é decisivo, assim como o dos médios interiores que com ele estabelecem o triângulo que, tal como o campo, se quer grande. Contudo, só será grande se o pivô, que considero dever ser o mais posicional de todos os jogadores, estiver devidamente posicionado. Caso esteja demasiado recuado (como muitas vezes se observa alguns pseudo pivôs fazerem, ao ponto de baixarem para a linha dos centrais a pedirem a bola em construção, ou então, partindo de tal posição como sucede com os ditos “trincos” que, em organização defensiva, se juntam à linha do sector defensivo), o que se verifica é que os médios interiores são forçados a baixar e, por consequência, também os restantes jogadores mais adiantados, levando a equipa a perder profundidade. Ou então, não baixam e a equipa parte-se. Se, pelo contrário, o pivô se encontra demasiado adiantado, o triângulo fica pequeno, encurta ou deixa mesmo de o ser. Tal adiantamento do pivô retira espaço aos médios interiores e aos jogadores mais adiantados levando a menor espaço para a bola circular e finalizar, a uma diminuição do espaço e tempo para os jogadores executarem, a uma sobreposição de linhas e a uma aglomeração de adversários na zona central. Com tudo isto, torna-se difícil ver aquilo que tanto admiro: uma equipa a jogar no interior da outra.

O campo de futebol é grande e, além de poder andar perdido em profundidade, o pivô pode igualmente perder-se em largura, caindo ora num lado, ora no outro, tanto para pedir a bola em posse, como para efectuar acções defensivas nos corredores laterais em organização defensiva, saindo da sua posição, perdendo-se no campo, apagando-se, deixando de ser o “farol” da equipa que, como tal, se sentirá às escuras e à deriva. Mais, ao sair da sua posição central para zonas laterais, não deixa somente de ser a referência que deve ser na zona central, como retira espaço aos jogadores que jogam nessas zonas do campo, sem esquecer que leva os restantes médios a ajustarem-se, o que muitas vezes leva a uma grande densidade de jogadores em zonas laterais. Logo, não só não se verifica aquilo que tanto gosto, como se torna mais fácil para o adversário recuperar a posse de bola, pois se nós lá estamos eles vão para lá e aí têm a vantagem de jogar com um jogador extra cuja abrangência de espaço é enorme: a linha lateral. Percebe-se, então, por tudo o que referi, que o posicionamento e funcionalidade do pivô são determinantes para que uma equipa possa jogar no interior do adversário. Daí que eu faça a sua apologia.

Em transição ofensiva e em organização ofensiva, este jogador deverá não somente ser um “farol”, mas também uma “rosa-dos-ventos”, um ponto de referência, não muito móvel, que torna possível à equipa jogar no sentido de “todos os rumos determinados pelos pontos cardeais” e que, além disso, lhe mostra e leva a reconhecer tal possibilidade. Que implicações tem isto nos momentos de transição ofensiva e de organização ofensiva? Imensas! Mais variabilidade, mais imprevisibilidade, mais qualidade e, claro, para o adversário, mais dificuldades.

Importa, contudo, advertir que para ser o “farol” e a “rosa-dos-ventos”, ou ainda “o epicentro de toda a dinâmica ofensiva colectiva”, como refere o Nuno Amieiro, tem de haver critério na escolha de tal jogador. No meu entendimento, este jogador deverá ser muito posicional e capaz de reconhecer que a mobilidade no Futebol, por vezes, implica não se mover, saber estar e ficar, sem roubar espaço aos restantes jogadores, garantir sempre diagonais de passe para poder jogar com regularidade de frente para o jogo, funcionar como apoio recuado em zona central para os jogadores que jogam à sua frente, não se esconder do jogo, ter qualidade e variabilidade de passe, possuir critério na identificação dos timings de entrada da bola, noção de ritmo e um adequado entendimento da velocidade de jogo. Logo, não serve um qualquer. Se não satisfizer muitos destes requisitos, não será a “rosa-dos-ventos” que a equipa necessita, mas antes um “cata-ventos” que vai para onde o jogo e os adversários o levam.

Retomando o problema da apologia simultânea do pivô e do “médio transportador”. Também eu penso tratar-se de um erro, sendo de realçar que, no meu entendimento, o emprego pelo Nuno Amieiro da palavra “simultaneamente” é um preciosismo de enorme pertinência. Concordo, igualmente, com a impossibilidade de ligar a lógica do “médio transportador” com a do pivô em momentos simultâneos do jogo, uma vez que as repercussões que as subdinâmicas do “médio transportador” têm em sobreposição às do pivô, são nefastas e hipotecam a possibilidade deste último o ser.

Assim, sem dúvida que haverá um divórcio, ou melhor, não haverá... por não poder haver casamento! A existência de um “médio transportador” nos primeiros momentos de construção retira ao pivô a preponderância e funcionalidade que este deve ter em tais circunstâncias, fazendo-o desaparecer do jogo. Um dos noivos não aparece ou participa no casamento, por lhe ser retirado espaço e tempo, preponderância, sendo ainda muitas vezes obrigado a baixar ou a ocupar zonas estranhas que, no seguimento, implicam um recuo da equipa que, das duas uma, ou sente dificuldade em dar profundidade ao jogo ou, mantendo-se profunda, acaba por se partir.

Jorge Maciel

Muito táctico?! Sim, o Barça...

Facilmente se constata o quanto é comum adjectivar-se de «táctico» um jogo muito defensivo de uma equipa, onde são evidentes grandes preocupações com determinados jogadores adversários, onde a grande missão colectiva quase se resume a anular o jogo adversário. Em suma, onde a grande preocupaçãp passa muito mais por não sofrer golos do que por marcá-los. Muitas vezes, nem é uma das equipas. São as duas. Um jogo mal jogado de parte a parte que alguém resolve adjectivar de «táctico», no sentido de meter alguma água na fervura... numa espécie de redenção intelectual face àquele que foi um espectáculo deprimente.
Ora, como foi isso que vimos da parte do Chelsea na última quarta-feira europeia em Camp Nou, provavelmente quase todos, senão mesmo todos os que lêem este texto, ouviram da parte de quem comentava o jogo, em directo, afirmações do tipo “o jogo está a ser muito táctico”, porque “estamos a assistir a um Chelsea muito táctico” ou, já em jeito de resumo final nos últimos minutos do encontro, “o Chelsea, no lado táctico, esteve tremendo”. Bem, pelo menos no canal onde vi o jogo, expressões semelhantes ou com o mesmo sentido foram repetidas várias vezes...
Portanto, segundo o entendimento de alguns, uma equipa que, praticamente, apenas jogou «meio jogo», o defensivo, é «muito táctica», tremenda no «lado táctico»... Como se a «táctica» se esgotasse nas coisas do jogar que têm a ver com o defender, com o anular pontos fortes do adversário, com o cumprir a intenção inicial de, acima de tudo, não sofrer golo.
Para mim, o lado táctico tem a ver com o jogo todo e, nessa medida, o primeiro elogio a ser feito teria de ser dirigido à equipa de Guardiola. Para mim, falar de táctica é falar de intenções e de interações e, neste sentido, o jogar do Barça mostrou (e tem vindo a mostrar, por vezes de forma excepcional) maior riqueza e complexidade táctica. Foi, por isso, aos meus olhos, muito mais táctico do que o do Chelsea. Basta ver o modo como a equipa responde, perto e longe da bola, à progressão com bola de Piqué pelo corredor central. Ou o modo como ocupa o espaço a atacar e faz a bola circular. Ou o modo como «acampa» no último terço e mete a bola a correr, rente à relva, na procura do espaço e do momento certo para tentar finalizar. Ou o modo como recusa cair na tentação do pontapé longo ou do cruzamento cego para dentro do «aquário». Ou o modo como responde à perda da posse de bola e, desse modo, poucas vezes é obrigado a «desmontar as tendas». Tudo isto revela critérios. Tudo isto é construção (táctica) do treinador.
Por isso, sim. Também acho que o Barcelona-Chelsea foi um jogo muito táctico. Mas, sobretudo, pelo que nos mostrou o Barça. Sabem como jogou? Então sabem do que falo, sabem o que é a Táctica para mim. Ela é o fio invisível que faz emergir aquilo que reconhecemos como traços marcantes do jogar de uma equipa.
Nuno Amieiro

Juniores A (Juniores) 2ª Divisão Nacional - Série B - 2008-2009

Resultados 5ª Jornada - Fase de Permanência/Descida 2ª Fase:

Tourizense 2 - União de Coimbra 0
Arrifanense 1 - Gouveia 0
Sanjoanense 3 - Sporting de Espinho 1
CDR 1 - União de Lamas 3

Folgou: Estação

Classificação após 5ª Jornada - Fase de Permanência/Descida 2ª Fase:

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Divisão de Honra: 28ª Jornada


Lamelas 2-2 Campia
Canas Senhorim 3-0 Lamego
Molelos 2-1 Sampedrense
Moimenta da Beira 4-1 Pesqueira
Paivense 3-2 Santacombadense
Santar 1-2 Mangualde
Parada 2-1 Tarouquense
O. Frades 2-0 Resende

sábado, 2 de maio de 2009

Mourinho disse

“A forma não é física. A forma é muito mais do que isso. O físico é o menos importante na abrangência da forma desportiva. Sem organização e talento na exploração de um modelo de jogo, as deficiências são explícitas, mas pouco têm a ver com a forma física.”José Mourinho

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Taça Sócios de Mérito: Meias-finais

Meias-Finais: 24/5/09

Mangualde - O. Frades
M. Beira - Campia

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Juniores A (Juniores) 2ª Divisão Nacional - Série B - 2008-2009



Resultados 4ª Jornada - Fase de Permanência/Descida 2ª Fase:
Gouveia 2 - CDR 2
União de Coimbra 4 - Arrifanense 0
Sporting de Espinho 4 - Tourizense 2
Estação 2 - Sanjoanense 3

Folgou: União de Lamas

Classificação após 4ª Jornada - Fase de Permanência/Descida 2ª Fase:


Caçar com gato

Caçar com gato
A crónica «Divórcio anunciado» começa por evidenciar que alguém, que também muito prezo, faz apologia do «médio transportador». Penso que, no caso, não se trata de fazer a apologia deste tipo de jogador, mas antes reconhecer que as potencialidades e singularidades de um determinado jogador, Cristián Rodríguez, permitiram à sua equipa, o FC Porto, criar uma subdinâmica alternativa, que passou a ter primazia, por dar respostas diferentes, e por sinal mais eficazes, à forma como a equipa transita para o ataque. Note-se que tal não significa que também eu faça apologia deste tipo de funcionalidade colectiva (que, na maior parte das vezes, tende para desfuncionalidade). Contudo, não me choca que haja equipas que o façam. Parece-me que, mais do que a apologia do «médio transportador», aquilo que o tão prezado comentador sugere é que, face à não existência de um verdadeiro pivô na equipa do FC Porto, esta mostrou-se a alternativa mais viável.
Penso que Fernando, tendo uma evolução interessante, ainda não sabe funcionar como pivô, ainda só é útil e eficaz em meio jogo: quando a equipa perde e não tem bola. Em posse, os seus movimentos de apoio ao portador devem ser melhorados, a criação de diagonais de passe nem sempre é assegurada, muitas vezes esconde-se e, além disso, a sua qualidade de passe e noção de ritmo não lhe permitem dar à equipa uma dinâmica muito abrangente e variável, visto que não consegue acelerar através de passe, não tem facilidade em identificar os timings de entrada da bola, não tem facilidade em variar com qualidade o lado da bola, nem de alternar passe longo e curto (tudo isto ainda mais evidente sobre pressão). Por isto, e talvez por mais algumas coisas, apesar de jogar na posição 6, não consegue ser o elo de ligação que a equipa necessita nos momentos de transição ofensiva, já que não é capaz de fazer chegar a bola à frente de forma rápida, como o treinador parece desejar. Por apenas jogar meio jogo, a alternativa foi encontrar alguém que, face à forma de jogar desejada, pudesse responder de modo mais ajustado ao jogo todo.
A solução passou por Rodríguez, um jogador que, jogando a partir de posições mais adiantadas, assumia outras funções nas quais não exponenciava algumas das suas potencialidades, além de retirar algumas coisas à equipa que, no meu entender, se constituíam como um estorvo. Um exemplo, e uma vez que parte geralmente de posições interiores, é a perda de largura na frente e, por conseguinte, o roubo de espaço a explorar pelo ponta de lança, assim como a sobreposição de zonas a explorar por ambos. Lá está, «quem não tem cão caça com gato»! Trata-se, pois, de uma questão de prioridades, tendo em consideração as potencialidades e necessidades da equipa. Um balanço e uma tarefa que, na verdade, são o cerne da actividade de um treinador.
Face ao exposto, penso que o que o nosso estimado amigo sugere é que o recurso a Cristián Rodríguez, naquele contexto concreto, acaba por ser um mal menor. Se a sua apologia fosse pelo «médio transportador», não faria sentido que essa mesma pessoa identificasse como «erro conceptual» e fonte primeira da generalidades dos bloqueios colectivos da equipa do Sporting a inexistência, por opção do treinador, de um jogador capaz de desempenhar com qualidade as funções de pivô. Uma posição e função que, numa estrutura como a do Sporting, me parece determinante.
Jorge Maciel

Resultados Taça Sócios de Mérito

Quartos-de-final
M. Beira 3-1 Parada
Paivense 2-3 Campia
Lusitano 2-3 Mangualde
O. Frades 2-1 Molelos

Jorge Valdano disse

"Contra a crença popular, os futebolistas são tão generosos no esforço que, por vezes, correm mais do que o jogo pede."
Jorge Valdano

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Centros de alto desperdício


Inevitavelmente estamos a entrar numa nova era do Futebol. Contudo, questiono se este será o caminho mais correcto para promover e estimular aquele que, pela simplicidade das suas regras e prática (ainda que, neste último caso, aparente), se tornou num fenómeno único. Confesso não ter grandes dúvidas de que, a manter-se nesta rota, o futuro do Futebol está ameaçado. Com efeito, pela dimensão que alcançou, nele proliferam oportunistas que, dotados muitas das vezes de uma cegueira premeditada, tentam angariar parceiros, a peso de ouro.
Nos últimos meses, quer na imprensa espanhola quer na portuguesa, pudemos ler algumas reportagens relacionadas com a aplicação de meios ditos “científicos” ao treino de futebol. Deste modo, foi notícia a criação e funcionamento de centros de alto rendimento em clubes como o Real Madrid e o SL Benfica. Com nomes pomposos, respectivamente, Real Madrid TEC e LORD (Laboratório de Optimização do Rendimento Desportivo), estes clubes apresentaram aqueles que parecem ser os seus ovos de Colombo. Aliás, tal como há já muito havia feito o AC Milão com o famoso Milanelo que, por sinal, serve de referência a ambos os projectos.
No Real Madrid, o mentor do projecto foi Valter di Salvo, apelidado de Cristiano Ronaldo da preparação física, cujos poderes são absolutos na parte física e no funcionamento do TEC. Já no Benfica, parece ser Bruno Mendes o responsável pelo LORD, procurando que esta estrutura funcione como elo de ligação entre o departamento médico e a equipa técnica encarnada.
Tratam-se, sem dúvida, de projectos que exigem muita dedicação, empenho (ainda que, a meu ver, não no essencial) e trabalho árduo (embora o burro, por muito que trabalhe, nunca venha a ser cavalo) por parte dos colaboradores e, para gáudio de alguns (cada vez mais), muito dinheiro, sobretudo devido a consultadoria “científica” em diferentes domínios. O que não quer dizer que o façam de forma multidisciplinar, muito pelo contrário, uma vez que o raciocínio subjacente a tais projectos apoia-se num entendimento reducionista e espartilhado do futebol.
Em ambos os casos, os objectivos assemelham-se: fazer um seguimento e possuir um registo “detalhado” de cada jogador e dispor de uma “infinidade de dados válidos e fiáveis”, de modo a que as equipas técnicas rentabilizem os respectivos plantéis. Para tal, socorrem-se de uma panóplia de testes físicos a realizar com grande periodicidade, programas individualizados de fortalecimento muscular para os seus “atletas”, podendo no caso do Real Madrid encontrar-se diferentes espaços, relativos a diferentes departamentos. Neste caso, fala-se na sala da velocidade, na sala da condição física geral, na sala de estudos antropométricos, na sala de estudos biomecânicos e também na “habitação da mente”, o espaço que, pelos vistos, mais impacto tem criado e onde, supostamente, se procura analisar os efeitos que a pressão da competição pode exercer sobre os jogadores. Sinceramente, duvido muito que esta habitação (de)mente, mesmo tendo pressupostos muito válidos e comprovados pelas neurociências, consiga reproduzir, de forma aproximada, por exemplo, a pressão sentida por um jogador no Santiago Barnabéu...
Um dos aspectos mais curiosos das reportagens que puderam ser lidas em torno deste tema, relaciona-se com aqueles que são apresentados como resultados imediatos do LORD. A saber: (1) relatório da UEFA refere o Benfica como a equipa com menos lesões na Europa; (2) recuperação de Suazo, de rotura muscular feita em tempo recorde, apenas 18 dias; (3) os “casos flagrantes” de Di Maria e David Luís que têm actualmente e de forma respectiva, mais 8 e 10 quilos cada um.
Vejamos agora o meu ponto de vista: (1) as recentes e frequentes lesões do Benfica contrariam, inequivocamente, tal relatório (além disso, a UEFA não tem necessariamente de tomar conhecimento de todas as lesões dos clubes e as estatísticas, no futebol, raramente são de confiar, sobretudo quando surgem como auxílio a “vendedores de banha da cobra”); (2) David Suazo após essa recuperação “espectacular” voltou a lesionar-se e não jogará mais esta época; (3) o aumento de peso de Di Maria e David Luíz não se tem reflectido numa melhoria da qualidade dos seus desempenhos, mas antes, no caso do último, num aumento da instabilidade articular que lhe tem valido lesões frequentes; Di Maria não tem lesões, o que dada a sua densidade competitiva não causa admiração, mas apresenta uma evolução ao nível da inteligência de jogo, desesperante e a sua relação com o jogo é cada vez pior (talvez aconteça o oposto na sua relação com as máquinas de musculação...).
Mas a aparente incapacidade geral em reconhecer estes factos, que me parecem evidentes e inequívocos, não é, quanto o mim, o ponto mais grave destas cegueiras. Esse relaciona-se com o desejo de aplicar tais projectos à generalidade dos jogadores da formação. No Real Madrid, o desejo é fazer surgir novos “Raúles, ganadores natos com una gran fuerza mental”. E eu questiono: será que aquilo que fez do Raúl o que ele é tem algo a ver com isto?! E, ultimamente, quantos jogadores da “cantera” têm singrado no Real Madrid?! No Benfica, nos bastidores, pelos vistos diz-se que “os títulos também se ganham assim”. O Benfica é a prova cabal disso mesmo!!!
Antes de terminar, não queria deixar de salientar que, quanto a mim, alguns dos meios apresentados, nomeadamente os que se relacionam com a observação de treinos e de jogos, têm de facto potencialidades. Contudo, caso estes instrumentos não sejam devidamente utilizados, parece-me que apenas servirão para atrapalhar. Como por vezes refere Vítor Frade, é como se tivéssemos, em termos abstractos, uma enorme destreza a utilizar os talheres, mas depois, quando vem a sopa, vamos lá com o garfo! O modo como se usa e abusa deste tipo de meios tem subjacente e é revelador daquela que é, para mim, a maior cegueira que afecta o Futebol: a incapacidade de se decifrar a sua essência. E tal repercute-se nos clubes que deles se socorrem. Pegando nos dois casos apresentados, são equipas que não funcionam como tal, evidenciando uma primazia no plano individual em detrimento do colectivo, à semelhança do modo como parece ser perspectivado o treino nestes clubes. São também equipas que desencantam com a bola e com pouca relação com o jogo, o que não é igualmente de admirar, quando a bola ou mais concretamente aquilo que de qualidade se pode fazer com e sem ela (intencionalidade – Táctica) é relegado para segundo plano em favor de um fisicismo abstracto que, pelos vistos, se pode aplicar de forma semelhante em Madrid ou no Seixal (como se fosse sensato usar o mesmo molde em contextos distintos...).
Este tipo de concepções de treino que querem colocar realidades diferentes no mesmo saco cabem, elas sim, todas no mesmo saco. Por isso digo que a norma do treinar, com mais ou menos “embrulho”, continua obcecada na fomentação das suas maiores cegueiras, o fisicismo e a ânsia de formatar “atletas”. Costuma dizer-se que em terra de cegos quem tem olho é rei, mas, como salienta Johan Cruyff, mesmo assim só conseguem ver com um olho. Daí que se desperdice tempo, talento, dinheiro, recursos,...
Jorge Maciel

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Pensamento da Semana


O lado formal da Periodização Táctica é passível de ser captado por muita gente, mas não é aí que reside o fundamental. O fundamental reside na operacionalização do formal, isto é, a concretização. É aí que o treinador, aquele que gere, tem de ser importante todos os dias. Ele tem de ser o indivíduo que aproxima tudo aquilo que é favorável ao crescimento qualitativo do processo, no sentido de o futuro a que aspira ser qualquer coisa que continue a fazer sentido.
Vítor Frade (2003)

27ª Jornada



Divisão de Honra:

Resende 0-1 Campia
Lamego 1-0 Lamelas
Sampedrense 3-2 Canas Senhorim
Pesqueira 1-2 Molelos
Santacombadense 4-0 Moimenta da Beira
Mangualde 2-0 Paivense
Tarouquense 1-1 Santar
O. Frades 0-1 Parada

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Taça Sócios de Mérito: 26/4 às 16 H

26/4/09:16:00

M. Beira - Parada
Paivense - Campia
Lusitano - Mangualde
O. Frades - Molelos

Uma questão de lógica de jogo com comportamentos coerentes na sua globalidade


Em resposta à solicitação do autor deste espaço, disponibilizei-me para discutir alguns pormenores de jogo relacionados com a crónica «Divórcio anunciado».
A questão do «pivô» e do «médio transportador de bola» é uma discussão interessante, fundamentalmente, ao nível dos conceitos, dos princípios e da lógica subjacente à equipa como um todo.
Parece-me demasiado fácil e sedutor usar conceitos que consideramos mais inteligentes ou evoluídos na tentativa de nos mostrarmos mais sabedores ou conhecedores sobre determinado assunto, mas devemos ter sempre o cuidado de perceber quais as suas origens e se tais conceitos são, ou não, adequados para o tema que estamos a discutir.
Para mim, o conceito de pivô está intimamente ligado a uma organização ofensiva em posse e circulação, com uma dinâmica interactiva de ocupação dos espaços com e sem bola. O que se pretende é que a equipa tenha zonas de passe perto e longe da bola, isto é, um jogo posicional sincronizado em que os jogadores funcionam uns em função dos outros, tentando encontrar o espaço e o momento adequados para fazer a bola penetrar ou finalizar com golo. Neste contexto, o pivô aparece como uma das figuras centrais, pois ocupa uma posição favorável, por excelência, para fazer a bola circular. Ele é um elemento organizador do jogo posicional, reaferindo espaços e equilíbrios, controlando timings de aceleração e temporização do jogo. A partir da sua zona, cria jogo pelo corredor central, o que permite à sua equipa jogar no interior do adversário. No fundo, numa lógica de controlo do jogo em posse de bola, num padrão por excelência de posse e circulação que procura os espaços do terreno de jogo favoráveis para criar os momentos óptimos para finalizar com golo, podemos e devemos usar o conceito de pivô para o jogador com a função acima descrita. Fora deste contexto, parece-me atrevido atribuir um conceito tão nobre, complexo e evoluído a um jogador!
Quanto à ideia de «médio transportador de bola», facilmente se interpreta que um médio, avançado ou defesa que seja «transportador de bola» está desadequado ou é mesmo contraditório a um padrão de jogo de posse e circulação. Num jogo circulado e apoiado, com jogadores perto e longe da bola, com ocupação racional do terreno de jogo e com a ambição de encontrar os melhores espaços para finalizar, torna-se desprovido de sentido algum jogador «transportar a bola». Porquê? Porque tal não é necessário!!! Porque é contrário ao padrão global existente.
No entanto, devemos ter o cuidado de perceber as diferenças entre «transportar a bola» e «penetrar com bola». A primeira situação implica deslocação de um objecto, enquanto a segunda implica a identificação de um espaço óptimo que deve ser ocupado. A primeira acontece várias vezes em jogos de transição onde os jogadores estão sozinhos ou desapoiados, com raras zonas de passe reais e onde existe uma vertigem pela aceleração – demasiadas vezes sem critério, porque se acredita que, quanto mais rápido o deslocamento, mais perto se está do golo. A segunda funciona como uma excepção. É uma estratégia de ocupação de espaços que tem subjacente um princípio e uma intenção e onde facilmente se observa uma sub-dinâmica de jogadores e comportamentos para se beneficiar de tal situação. No fundo, a primeira reflecte uma lógica individual, de quem transporta, enquanto a segunda reflecte uma lógica global, um padrão racional de circulação assente num jogo posicional de excepção!
José T.

terça-feira, 14 de abril de 2009

CDR Moimenta da Beira 3 - Sp. Lamego 0

Disputava-se a 4ª eliminatória da Taça Socios de Merito da AF de Viseu, colocando frente a frente dois Clubes, eternos rivais, pela proximidade, distintos pela sua história, mas rica em resultados desportivos por parte do Sp. de Lamego, mas igualmente nobre a do CDR pela sua acção desportiva, mas também social e ao mesmo tempo, dois clubes que ao longo dos anos tem tido uma proximidade muito grande, isto apesar das rivalidades, se não vejam a quantidade de jogadores oriundos daquele clube que ao longo dos anos representaram, e bem!, o CDR.
Mas em relação ao jogo diria que a superioridade desta equipa do CDR face a este Sp. de Lamego (que viverá uma das piores fases da sua existencia) foi sentida desde o primeiro ao ultimo minuto de jogo. Em momento algum o Sp. de Lamego pos em causa o resultado ou demonstrou ter argumentos para contrariar o CDR.
Desde o apito inicial que o CDR criou e desperdiçou inumeras oportunidades de golo. Com um futebol "mais trabalhado", fruto da valia técnica de todos os seus executantes, o CDR desenvolvia jogadas, quer pelo centro, quer pelas alas, que punham em constante sobressalto a baliza do Lamego.
Não tendo feito um jogo, como por exemplo aquele que fizeram contra o Ol. de Frades, onde o desenvolvimento rápido e fluido do jogo e o envolvimento pró-activo de todos os jogadores nas jogadas fazia com que o futebol do CDR fosse um autentico carrocel, culminando sempre cada volta, num perigo junto da baliza adversária, o CDR desta feita fez um jogo menos conseguido, também por culpa do esquema mais fechado montado pelo Victor, mas, ainda assim um jogo agradavel, com a construção gradual de um resultado muito positivo e que permite, a par da boa classificação no campeonato, deixar os moimentenses e socios do CDR contentes e orgulhosos na sua equipa.
Não que querendo destacar individualidades porque penso que todos os jogadores do CDR tem desenvolvido um escelente trabalho e formam, neste momento, talvez, a melhor equipa da divisão de honra (pelo que tenho visto!), gostaria só de deixar uma pequena "homenagem" ao Parma que continua a fazer o que todos esperam de um ponta de lança ... golos!!!
Sei que ele nem sempre é compreendido e apoiado por alguns adeptos, como deveria e merece ser, mas esta referência serve tão só para o Parma sentir que quem gosta verdadeiramente do futebol e neste particular do CDR, que goleadores com esta regularidade e qualidade vão sendo escassos ... e neste momento é só o melhor marcador da AF de Viseu com 22 golos!!!

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Divórcio anúnciado


Um amigo que escreve regularmente sobre futebol e que muito prezo tem vindo a fazer a apologia do «médio transportador de bola». O exemplo mais recente é o caso do Cristián Rodríguez no FC Porto. Segundo ele, uma das grandes evoluções tácticas da equipa de Jesualdo Ferreira desta época prende-se, precisamente, com o recuo de Rodríguez no terreno passando este a ser um quarto elemento no meio-campo portista que, quando a equipa ganha a posse de bola, se transforma no tal «médio transportador de bola». Apesar desta lógica não encaixar na minha concepção de jogo (de qualidade), nem na minha concepção de qualquer posição do meio-campo, não me custa aceitar que, em determinadas equipas, dentro de um padrão de jogo concreto, essa posição e função – essa subdinâmica – possa ser útil. Já me custaria aceitar se afirmasse que, para se jogar em transições ofensivas rápidas, como tende a ser o registo deste FC Porto, tal sub-dinâmica é necessária. Mas não é o caso, nem é sobre isso que eu quero hoje aqui falar.
Para chegar onde pretendo preciso de aqui trazer outra ideia que esse meu amigo defende e com a qual eu também me identifico. Pelo menos a este nível formal de abstracção, ela já parece caber no saco do meu jogar bem. A ideia de que a posição 6 é crítica para se jogar bom futebol, de que esta deve ser vista como um «farol». A posição de «pivô».
Ora, onde está o problema? Bem, o que me faz verdadeiramente confusão é o fazer-se, simultaneamente, apologia das duas posições/funções. O «médio transportador de bola» não casa com o «pivô», é como misturar alhos com bogalhos... A lógica do «médio transportador de bola» leva-nos para um jogar mais transportado que circulado, mais assente no deslocamento dos jogadores. Um jogar tendencialmente menos colectivo, que tende a olhar mais para a profundidade do que para a largura, que facilmente cai no aumento da distância entre linhas. Um jogar que, não raras vezes, cai na «vertigem do jogar rápido». A lógica do «pivô» leva-nos para... o oposto de tudo isto. Um jogar muito mais apoiado e circulado, assente num bom jogo posicional de todos os jogadores, onde o «pivô» é o epicentro de toda a dinâmica ofensiva colectiva, o tal «farol». Um jogar onde quem corre é, fundamentalmente, a bola, de pé para pé, ora curto, ora longo, onde se procura uma circulação criteriosa à largura para que a profundidade seja ganha com naturalidade e qualidade.
Não tenho dúvidas, tal casamento resultará em divórcio. A presença do «médio transportador de bola» tende a fazer desaparecer do jogo o «pivô». A posição 6 continua lá, mas aquela função concreta desvanece-se. O «farol» apaga-se. E a dinâmica colectiva transfigura-se... A tal ponto que, depois, ouvimos dizer: «Aquele jogador passou ao lado do jogo!». Será verdade? Ou terá sido o jogo a passar ao lado dele?...
E o facto de falar em «pivô» e não em «pivô defensivo» não é esquecimento nem gralha no texto. Porque se for defensivo, já não é «pivô». Poderá ser médio defensivo ou outra coisa qualquer, mas nunca «pivô». Porque a concepção de base é outra. O «pivô» é a posição nobre de um jogar todo ele perspectivado em função de uma organização ofensiva muito especial e, para grande pena minha, em vias de extinção. Há poucas, muito poucas, equipas a jogar assim. Há poucos, muito poucos, «pivôs» no futebol actual.
Uma curiosidade para concluir: a equipa que hoje melhor espelha esta forma peculiar de atacar subjacente à presença em campo de um «pivô» é o Barcelona, cujo treinador foi, talvez, o melhor «pivô» de todos os tempos, Guardiola. Será coincidência?...

Nuno Amieiro

Pensamento da Semana

Antigamente, sobravam tempo, espaço e oportunidades para as crianças jogarem longe das regras dos adultos. Nesses espaços não havia limite de toques ou caminhos proibidos. Muito menos caminhos obrigatórios.
Paulo Sousa

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Taça Sócios de Mérito: 10/4 às 16 H

Taça Sócios de Mérito: 10/4 às 16 H
4ª Eliminatória
Parada - Tarouquense
Molelos - C. Senhorim
F. Aves - Campia (11/4)
M. Beira - Lamego
Paivense - Ceireiros
C. Sal - Lusitano
O. Frades - Mortágua(hoje às 21 H)
Sampedrense - Mangualde

terça-feira, 7 de abril de 2009

Pensamento da Semana

“Every trainer talks about movement, about running a lot. I say don’t run so much. Football is a game you play with your brains. You have to be in the right place at the right moment, not too early, not too late.”
Johan Cruyff

Tradução

“Todos os treinadores falam de movimento, de correr muito. Eu digo não corram tanto. O futebol é um jogo que se joga com o cérebro. Tens de estar no local certo no momento certo, nem antes nem depois.”
Johan Cruyff

segunda-feira, 6 de abril de 2009

CDR 0 - Mangualde 0

Distritais da A.F. Viseu

Divisão de Honra:
26ª Jornada
Campia - Lamego 3-0
Lamelas - Sampedrense 2-2
Canas Senhorim - Pesqueira 5-0
Molelos - Santacombadense 1-0
Moimenta da Beira - Mangualde 0-0
Paivense - Tarouquense 3-1
Santar - O. Frades 2-1
Parada - Resende 0-0

quinta-feira, 2 de abril de 2009

À CONVERSA COM VÍTOR FRADE

Segunda-feira, 30 de Março de 2009

Mexer ou não mexer, eis a questão!

Nuno Amieiro (NA): Professor, até que ponto faz sentido pensar-se em alterar a «configuração física» a um jogador para que este venha a ser algo mais do que aquilo que é? Isto é, no sentido de, por exemplo, o «engrossar» para ser mais resistente ao choque ou para ir ao encontro de um qualquer estereótipo corporal de defesa, médio ou avançado?
Vítor Frade (VF): Antes de mais, é necessário reflectir sobre a designação que está a utilizar, a expressão «configuração física». Por exemplo, diz-se muitas vezes o seguinte: “Aquele jogador não vai jogar porque tem um problema físico”. Será que quem diz isto está a querer dizer que lhe falta resistência ou qualquer outra coisa relacionada com o físico? Não. Por isso, para mim, o que o jogador tem é um problema clínico. É preciso algum cuidado com a terminologia para que o entendimento das coisas seja um determinado. Em relação à sua pergunta, parece-me mais ajustado falar em morfotipo do jogador e, no meu entender, pensar-se em o alterar é uma asneira de todo o tamanho. As exigências que regularmente o indivíduo vai enfrentando vão tornando-o mais resistente e mais capaz e não devemos querer ir mais longe do que isso, pois na tentativa de ganhar determinadas coisas, iremos perder uma série de outras coisas.
Não me custa nada reconhecer que, para certas posições e funções, o morfotipo e a estatura são relevantes, em termos de média. Mas, por exemplo, no caso do ponta-de-lança até menos do que no caso do defesa central. E mesmo aí todos nós conhecemos defesas centrais de top que são relativamente baixos, onde aquilo que os identifica como característico tem normalmente pouco a ver com o lado externo do morfotipo, aquilo que designou por «configuração física», e muito mais com a articulação e os timings de utilização de uma série de outras coisas. Veja, por exemplo, o caso do Liedson... Ele é «felino» e para ser «felino» e eficaz, tem de ser inteligente, tem de ser capaz de decifrar, de se antecipar... Mas vou-lhe dar outro exemplo. O Pepe tem uma entrevista recente, num jornal espanhol, onde diz que presentemente também está a fazer musculação para o trem superior, para o tronco, porque, refere-o ele, joga-se muito disputadamente, os pontas-de-lança são grandalhões, o tipo de jogo proporciona muitas disputas e, nesse sentido, ele sente a necessidade de ser espadaúdo para poder enfrentar essas circunstâncias. Mas também diz que se sente à nora quando lhe aparece um ponta-de-lança pequenino...
NA: O professor está a querer dizer que ele pode vir a perder algo do Pepe que conhecíamos?
VF: Ele já está a dizer que está a perder!!!... Porque, quando ele não era espadaúdo ou não ia para o ginásio com esse fim, ele foi capaz de ser vendido por 30 milhões de euros e penso nunca o ter ouvido afirmar que os jogadores pequeninos lhe davam problemas... Não sei... Mas, ao que parece, ele agora está a senti-las. Porque, e isto é que é importante que se perceba, a acentuação de qualquer uma que seja considerada como variável tem repercussões no peso que as outras tinham no padrão de relação que existia. E, pelo menos ao nível da formação, esta lógica de pensamento é um absurdo, embora eu também esteja em desacordo com ela no que se refere ao rendimento superior... Era admitir que seria vantajoso «engrossar» o Liedson... O Liedson nunca mais seria o Liedson! E, provavelmente, aquilo que o fez ser Liedson foi o facto de ele não ter esse arcaboiço.
Eu conheci o Anderson e, para mim, ele era potencialmente um dos melhores jogadores do mundo como médio interior. Eu estava convencido de que, a continuar na mesma posição e nas mesmas funções, ele seria do melhor. Precisamente na posição onde hoje é mais difícil de encontrar jogadores daquele tipo. Foi para o Manchester e passou a jogar mais atrás... Disseram logo que tinha de ganhar não sei o quê... E dizem agora que ganhou isto e aquilo... Ganhou o quê? A maioria das vezes eu nem o vejo a jogar. E o que perdeu sei eu muito bem. Dizem que ganhou capacidade defensiva, que está outro jogador e mais não sei o quê. Pois está! Está outro, sem aquilo que tinha e que, do meu ponto de vista, é o mais difícil de ter: capacidade de desequilibar no último terço, capacidade de deixar pronto no último terço, etc, etc... Ora, tudo isto tem origem em dois pontos de conhecimento: o conhecimento de jogo que se tem, ou melhor, que não se tem; e o conhecimento retrógrado, miúpe e mecânico que se tem do que é o Indivíduo. É necessário saber um pouco das duas coisas...
NA: Deixe-me pegar agora no exemplo do Cristiano Ronaldo... A generalidade das pessoas está claramente convencida de que o que ele é hoje enquanto jogador se deve em grande parte ao trabalho de ginásio que desenvolveu e provavelmente continua a desenvolver...
VF: Isso rebate-se com facilidade. O Cristiano tem um morfotipo e joga numa posição que pode permitir que o lado atlético seja um acrescento. Mas eu penso que a juventude dele e o facto de estar a jogar em Inglaterra ainda não o fez dar-se conta do desperdício que é o não uso tão regular da capacidade de drible, de simulação e de engano que ele tinha. E o jogo assente neste padrão atlético em que ele se está a viciar e do qual beneficiam os abdominais e o porte que ele tem, tirou-lhe algo que ele também tinha potencialmente, que era aquele poder de «ginga», que é mais o registo, por exemplo, do Messi. E eu pergunto, alguém no seu perfeito juízo é capaz de dizer que o Cristiano Ronaldo é melhor do que o Messi? Na melhor das hipóteses dirão que um é tão bom quanto o outro. E o Messi é exactamente o oposto em termos de morfotipo: é pequeno, enfezado,... E é doente, pois tem problemas metabólicos.
Acho que o que é fundamental é que o jogador tenha a capacidade de resistir e de ter força... Mas é importante que se perceba o que eu quero dizer com isto, pois não tem nada a ver com o entendimento comum... Repare na conversa que há pouco estávamos a ter sobre o Fábio Coentrão. O Coentrão, sendo um indivíduo débil, frágil, numa disputa de bola contra dois jogadores matulões do FC Porto, o Cissokho e o Rolando, conseguiu, com uma «ginga», sentar os dois e ir embora com a bola... Isto, para mim, é que é ter força. Ter capacidade de arrancar, travar, voltar a arrancar mas pelo lado contrário...

NA: O Fábio Coentrão é claramente o tipo de jogador que, normalmente, sente na pele este modo mutilador de pensar... «Ele é bom jogador, mas falta-lhe...»...

VF: Porque a lógica que está implantada é a lógica da burrice. A cada passo vemos e ouvimos apregoar uma série de slogans que vão ao encontro desse tipo de raciocínio. Até na escolha dos miúdos ao nível da formação se ouve, sistematicamente, coisas como «Eh pá, é habilidoso, mas é pequenino». É um absurdo. Por exemplo, o Liedson, não sendo um fora-de-série, ao nosso nível é um jogador fantástico e é pequenino, como o era o Romário e uma série de outros bons jogadores.
Mas o ridículo desta questão é fácil de constatar. Se nós formos perguntar aos indivíduos que fazem a apologia do físico, da altura, do corpo «engrossado» qual é o melhor jogador do Benfica, quase todos eles respondem que é o Aimar. Se perguntarmos em relação ao Sporting, quase todos eles dizem que é o Liedson e o João Moutinho. Se perguntarmos em relação ao FC Porto, quase todos eles referem o Lucho, que por acaso é alto, mas não é de cabeça que ele sobressai e é adelgaçado. Se perguntarmos em relação ao Barcelona, quase todos eles apontam o Messi, o Xavi e o Iniesta... Da mesma maneira que quando perguntaram a um ex-director técnico nacional do atletismo o que ele pensava do Usain Bolt, o campeão olímplico dos 100 metros, ele respondeu que era «um diamante em bruto». Um indivíduo que acaba de bater todos os recordes é «em bruto»? Está implícito na resposta dele que, quando o Usain Bolt fizer musculação e uma série de outras coisas, vai voar como os crocodilos... Mas, espere lá, os crocodilos não precisam de voar para serem crocodilos!... O que se deveria fazer era parar e pensar que a seguir ao Carl Lewis, todo o morfotipo que surgiu era de indivíduos estilo Caterpillar e que, agora, aparece este atleta com um morfotipo longilíneo a bater todos os recordes. Mas é o próprio Usain Bolt quem diz que não faz musculação, que treina na relva e que as únicas cargas que utiliza é ao fazer competições de 60 metros com um colega a puxar um pneu. E diz que dança muito por ser da terra do reggae!
Quem souber um bocadinho sobre aprendizagem motora, sobre coordenação motora, sobre timing de manifestação muscular e de coordenação muscular, etc, acaba por se afastar dessa forma de pensar que é mutiladora. Mas até aqui na faculdade há professores que dizem que o músculo é cego. Cegos são eles, porque o músculo é, manifestamente, muito mais, um orgão sensitivo do que um orgão gerador de potência. E, se calhar, ao mesmo tempo que dizem que o músculo é cego, defendem que é importante a proprioceptividade. Ou seja, não sabem o que estão a dizer. Porque a proprioceptividade é precisamente o que faz do músculo fundamentalmente um órgão sensitivo. Portanto, uma série de mecanoreceptores que se alteram para captarem, digamos assim, a evolução do corpo no tempo e no espaço. Ora, o futebol de qualidade, para qualquer posição, apresenta uma diversidade de agilidade e mobilidade que... Eu costumo dizer que a ignorância é atrevida p’ra caraças...
NA: Um dos argumentos de que eu me costumo servir para tentar evidenciar o quanto pode ser prejudicial querer «transformar» um jogador tem a ver com algo para o qual o professor alerta frequentemente... Eu, enquanto elemento da minha espécie ainda não estou totalmemente adaptado ao bipedismo e, portanto, muito menos preparado para jogar futebol. Ou seja, eu tenho uma história, para o caso «motora», que, em parte, partilho com a minha espécie e que, em parte, é pessoal, fruto das minhas vivências. Se pensar em ir «engrossar» ou tentar ganhar algo que, em termos corporais, não tenho, vou estar a interferir com essa história, que é património meu. Com isso, provavelmente, vou estar a hipotecar muito desse «património coordenativo» que o envolvimento a que estive sujeito durante anos me levou a adquirir «contra-natura» hominídea!
VF: Eu já não quis ir por aí, porque esse caminho levar-nos-ia a 3 ou 4 horas de conversa... Mas, repare, é também preciso perceber que à volta de tudo isto há um jogo de interesses muito grande. Por exemplo, qual é uma das indústrias mais ricas do mundo? É a indústria do armamento. E alguém fabrica o que quer que seja para não vender? Com certeza que se têm de criar condições para que as coisas se usem... E depois, no caso do futebol, a publicidade também assume um papel muito importante, pois vem dizer que uma série de coisas são indispensáveis, que é necessário fazer isto e aquilo para que se marque dois golos com um pontapé só, e servem-se de alguns exemplos que facilmente caem no absolutismo pela falta de conhecimento que as pessoas têm acerca do jogo e acerca do Indivíduo.
NA: Para acabar, uma pergunta muito directa: porque é que o facto de eu ir fazer musculação vai alterar aquela que é a minha história de relação com o corpo?
VF: De um modo muito simples, porque altera a relação do corpo com o corpo, ou seja,... Há dois tipos de timing. O timing coordenativo dos músculos entre si, que é a co-contractividade, portanto, vão existir cadeias que passam a degladiar-se, que se passam a estorvar umas às outras. Porque é uma coordenação que se coloca contrária à fluidez que sugere e solicita a espontaneidade do jogo de futebol. Para além disso, há outro tipo de timing, que tem a ver com o ajustamento muscular à alteração sistemática regular que o envolvimento coloca. Ao fazer musculação vai estar a bulir com isso, vai estar a enganar o sistema nervoso. Portanto, vai obstruir o leque de possibilidades de manifestação que o corpo tinha a jogar futebol. E se o fizer quando em desenvolvimento vai inclusivamente bloquear o crescimento, por exemplo, dos ossos e de outras estruturas. Vai hipertrofiar uma zona que é muscular quando nós sabemos que os tendões não se desenvolvem da mesma forma... Porque não é natural! É como aqueles indivíduos que tinham uns carrinhos pequeninos e lhes rebaixavam a colaça, colocavam umas jantes largas, uma suspensão mais dura, etc, para se armarem em corredores... Só que depois partiam os carros por outro lado...

segunda-feira, 30 de março de 2009

Tarouquense 2 - CDR 1

Divisão de Honra:
25ª Jornada
Resende 0-0 Lamego
Sampedrense 3-1 Campia
Pesqueira 1-6 Lamelas
Santacombadense 0-0 Canas Senhorim
Mangualde 4-0 Molelos
Tarouquense 2-1 Moimenta da Beira
O. Frades 2-0 Paivense
Parada 2-0 Santar

segunda-feira, 23 de março de 2009

CDR 5 - O.Frades 0

Divisão de Honra:
24ª Jornada
Lamego 0-2 Sampedrense
Campia 5-1 Pesqueira
Lamelas 0-0 Santacombadense
Canas Senhorim 3-1 Mangualde
Molelos 0-2 Tarouquense
Moimenta da Beira 5-0 O. Frades
Paivense 0-0 Parada
Santar 6-0 Resende

segunda-feira, 9 de março de 2009

Resultados da Divisão de Honra - 22ª Jornada

Fim de semana negro para os clube do topo da classificação.
À excepção do Sampedrense todos ou outros escorregaram, Mangualde, Santacombadense e CDR, sendo que os dois primeiros sofreram derrotas de alguma forma inesperadas.
O CDR também não conseguiu recuperar pontos e empatou com o Santar, um resultado menos positivo, mas que no entanto não belisca os objectivos do CDR nesta fase do campeonato, que penso eu, serem o de fazer a melhor classificação possivel, mantendo a pressão nos lideres.
para visualizarem o resumo do jogo sigam este link http://futebolviseu.blogspot.com/ , um blog muito bom para o futebol do Distrito de Viseu.

CDR de Moimenta da Beira 1-1 Santar
Sampedrense 2-1 Pesqueira
Lamego 2-0 Santacombadense
Campia 2-0 Mangualde
Canas Senhorim 2-1 O. Frades
Molelos 1-0 Parada
Lamelas 3-1 Tarouquense
Paivense 3-2 Resende

sexta-feira, 6 de março de 2009

4ª Eliminatória da AFV : 10 de Abril


Parada - Tarouquense
Molelos - Canas de Senhorim
Ferreira de Aves - Campia
Moimenta da Beira - Lamego
Paivense - Ceireiros
Carregal do Sal - Lusitano
Oliveira de Frades - Mortágua
Sampedrense - Mangualde

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Resultados da Divisão de Honra - 20ª Jornada

Mais uma jornada, mais uma bela vitória do CDR que coloca o nosso Clube no 3º Lugar a 4 pontos do lider.
Não faço comentários ao jogo porque infelizmente não o pude ver, mas a satisfação e o orgulho que dá, olhar esta tabela classificativa, obrigam-me a publicar os resultados e a respectiva classificação.
Nunca tive duvidas sobre o que seria esta época desportivamente, a qualidade da equipa técnica, liderava pelo meu Amigo Jorge Paiva e a qualidade do plantel dava todas as indicações, mas futebol é futebol e é, decididamente um mundo complicado com muitos factores e muitas incógnitas as quais nem sempre podemos controlar, mas felizmente que tudo se encaminha para os objectivos traçados inicialmente !
Parabéns à equipa técnica, aos jogadores e à direcção!

CDR de Moimenta da Beira 4-0 Resende
Pesqueira 1-2 Santacombadense
Sampedrense 1-1 Mangualde
Sp. Lamego 2-1 Tarouquense
Campia 1-1 O. Frades
Lamelas 1-1 Parada
Canas Senhorim 5-0 Santar
Molelos 0-0 Paivense

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

12 – O Mito do mudar a táctica, jogo a jogo, em função do adversário

Os treinadores socorrem-se do “factor tempo” para justificar derrotas na construção da equipa, semana a semana e mesmo ao longo dos 90 minutos, alterar o sistema, meter um terceiro central, tiram-no e metem mais um avançado, passam de um jogo de posse e circulação de bola para um jogo directo e de segundas bolas, etc. “Porque a táctica pode mudar jogo a jogo em função do adversário”. Dizem!

O que é táctica para José Moutinho?

A táctica é o conjunto de comportamentos que se pretende para a equipa, que se deseja que esta manifeste com regularidade em competição, isto é, o conjunto de princípios que dão corpo ao seu modelo de jogo.

“O mais importante numa equipa é ter um determinado modelo de jogo e um conjunto de princípios de jogo, conhecê-los bem, interpretá-los bem, independentemente de ser utilizado este ou aquele jogador. Nós analisamos o adversário, procuramos prever como se pode comportar contra nós e procuramos posicionar-nos nalgumas zonas mais importantes do campo em função dos seus pontos fortes e fracos. Mas isto são detalhes posicionais. Não mexem com os nossos princípios, nem sequer com o nosso sistema. Acreditamos que o mais importante somos nós, a forma como jogamos e automatizamos o nosso modelo. Por vezes partimos para alguns jogos completamente alheados e ignorando o que vai ser o comportamento do adversário. Apostando e potenciando aquilo que é nosso. E que fique bem claro que os sistemas que a minha equipa apresenta ao longo de uma época são definidos e operacionalizados logo desde o inicio. Como já disse várias vezes, não acredito nos sistemas que têm origem no gabinete, na reunião, na conversa com os jogadores. Acredito no treino, na repetição sistemática. Se em dois anos e meio no Porto só por duas vezes alterei a estrutura – na segunda mão da meia-final e na final da Liga dos Campeões, com a entrada do Pedro Emanuel -, por alguma razão foi. E foi treinado!”

“A maioria dos treinadores não pode dizer que precisa do tempo que diz precisar para ter mais sucesso na equipa. Essa é a maior mentira do futebol, que serve unicamente para se protegerem. Quer dizer, se calhar até precisam…porque se perde tempo com questões que não a organização de jogo”

“A minha preocupação quando vou para um clube é encontrar, mais do que um sistema táctico, um modelo e uma filosofia de jogo. Tem a ver com um futebol fundamentalmente ofensivo, onde o passe e a qualidade são fundamentais.

Podemos alterar um ou outro jogador em função das características que o encontro deve assumir, mas de uma forma geral partimos para cada jogo sempre motivados para jogar bem e de acordo com aquilo que é a nossa filosofia e o nosso modelo. Isso é o mais importante e penso que é uma característica nova : jogar em cada campo e com cada adversário acreditando no seu potencial e praticando o seu futebol”

Mourinho

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

11 – O Mito do treinar sobre carris

As declarações proferidas de treinadores com “a equipa ainda não está rotinada”, “faltam-nos automatismos”, “quero que os jogadores sejam capazes de jogar de olhos fechados, “nos treinos, as coisas já começam a sair mecanizadas” são bastante familiares. É a chamada tentação do piloto automático. Torna-se o treinar muito militarizado, no sentido de que o treinador dá as ordens e os jogadores têm que seguir à risca. Durante os exercícios assistimos a exemplos deste tipo: “joga por fora”, “tira da pressão”, “guarda a posição”, “troca com o ala”, “solta de primeira”. Esta obsessão não fica por aqui. Exagera-se na utilização de regras nos exercícios e acaba-se por retirar a capacidade de intervenção sobre o imediato, o aqui e o agora. Por exemplo, abusar da condicionante jogar a dois toques leva a que a gestão do instante, por parte dos jogadores, seja mais mecânica do que não mecânica, tende a tornar linear aquilo que não o é. Um outro exemplo do treinar sobre carris é as combinações ofensivas, repetidas até à exaustão, no sentido de levar os jogadores quase a decorá-las.

“Quando vou estudar o adversário e procurar identificar os seus comportamentos-padrão, constato que, muitas vezes, o desenvolvimento dessa dinâmica de jogo é, não tanto uma dinâmica, mas um automatismo mecânico”

José Mourinho

Com esta linha de pensamento os treinadores acreditam que podem chegar de forma mais rápida ao jogar que pretendem. É um erro crasso metodológico! Porque o futebol é um fenómeno extremamente complexo, caracterizado pela não linearidade. Um exemplo prático: alguém sujeita a um ditado. Este ditado é estudado, escrito, rescrito, decorado e nem um erro. Mas se este sujeito realizar uma redacção e não tiver capacidade de criar, recriar a partir de um novo contexto que lhe foi apresentado fica limitado. Mourinho no treino dá o tema mas são os jogadores que fazem a redacção. Se os níveis de desempenho que se pretende não estão a ser atingidos Mourinho intervêm mas sem dar respostas, soluções. È a chamada descoberta guiada.

“Não é fácil passar da teoria à prática, sobretudo com jogadores do top, que não aceitam o que lhes é dito apenas pela autoridade de quem o diz. È preciso provar-lhes que estamos certos. Comigo, o trabalho táctico não é apenas um trabalho onde de um lado está o emissor e do outro o receptor. Eu chamo-lhe “descoberta guiada”, ou seja, os jogadores vão descobrindo as coisas a partir de pistas que lhe vou dando. Para isso construo situações de treino que os levem por um determinado caminho. Eles começam a sentir isso, falamos, discutimos e chegamos a conclusões. Muitas vezes, paro o treino e pergunto-lhes o que estão a sentir. Respondem, por exemplo, que sentem o defesa direito muito longe do defesa central. “Está bem, vamos aproximar os dois defesas e ver como funciona”. E experimentamos uma, duas, três vezes, até lhes voltar a perguntar como se sentem. É assim, até todos, em conjunto, chegarmos a uma conclusão”

José Mourinho